Somos a mão e a
palmatória
As costas e a
chibata
somos nosso
próprio castigo.
Fazemos as leis e
as transgredimos,
pagamos as placas,
pagamos os guardas
e recebemos as
multas.
Elegemos os
governos por conchavos interesseiros
e depois
reclamamos que nos oprimem
pichamos o muro
das escola
que nos ensinou a
escrever.
Temos muitas
amigas, perenes ou passageiras
a quem oferecemos
nosso mais profundo respeito
e magoamos a mãe
dos nossos filhos.
Lavamos com
sabonete refinado
as mãos antes do
furto
e o corpo antes do
adultério.
Plantamos no mesmo
vaso
a rosa que perfuma
e a papoula que
mata.
Clareamos os
dentes para o sorriso maldoso
sarcástico,
provocador
e atendemos nosso
cliente sem olhar na face
a menos que nos
traga um excelente negócio.
Sujamos o chão que
alguém varreu
reclamamos da
refeição que alguém preparou
com o dinheiro que
às vezes nem é nosso.
Temos preguiça de
estudar
e queremos saber
mais que os outros.
Roubamos horas de
trabalho de quem nos paga
sem qualquer pudor.
Ostentamos rostos
que não são nossos
elaborados pela
estética
junto de um
caráter que também não temos.
Desmatamos
florestas
juntamos a lenha
e acendemos o fogo
do nosso próprio inferno.
Sujamos a água de
um jeito
que não conseguiremos
limpá-la
e morreremos de
sede.
E depois ainda nos
proclamamos inteligentes.
(Joel Gonçalves)
Parabéns pelo excelente tema postado!!!
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